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"HaiCais" Cariocas

10/21/2017

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Você com certeza já ouviu falar de haicai, estilo poético tradicional japonês que lembra uma pintura em palavras, da qual uma ideia emerge quase à mão, porém permanece fugaz.
​
Noite. Um silvo no ar,
Ninguém na estação. E o trem
passa sem parar.
(Guilherme de Almeida)
​

O estilo tem sua tradição e história peculiar, praticamente inacessível para quem não fala japonês e entende a cultura do país. O próprio nome sofreu transformações históricas e hoje é transliterado principalmente como haiku. Não importa. Esse texto não é sobre haicais, e sim sobre a inspiração que se pode extrair deles.

Quem já se propôs a criar sabe que muitas vezes a obrigação é uma asa. Ao decidir produzir "haicais" fajutos em trilhas e caminhadas, inspirados somente na brevidade e imageticidade do estilo japonês, me vi observando melhor algumas imagens mentais tais como elas vinham. Menos raciocínio, mais apreciação. 

O resultado de alguns desses exercícios – demasiado pessoais e um tanto sem graça sem as explicações – apresento abaixo. Meu intuito ao divulgá-los não é para aproveitamento na leitura, e sim para incentivar o mesmo exercício de observação interior.

Por que não lançar mão de algumas palavras para "fotografar" um próximo passeio?
​

Morro da Babilônia
​
Bunkers na refloresta
No topo, rerruínas
sobre o mar.
Morro Babilônia

Pedra Bonita
Pedra Bonita
​
Pedrinhas não amarelas, passarinhos.
​O Gigante me observa observar
o mar, o Rio, as lagoas.

Parque da Catacumba
​
Piscinas vazias
acumuladas. Estátuas vazias
Ignoradas.
Parque da Catacumba
Foto: imaginariodejaneiro.com

Cachoeira Primatas
Foto: William de Moura / Agência O Globo
Cachoeira dos Primatas
​

Muralha abrange água, lama.
​Silêncio cai de cima.
​Lá não vou.

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Sua Cidade Jaz em Cinzas, Meu Amigo

10/13/2017

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Alain de Botton, assim como outros palestrantes da plataforma TED, é um comunicador de ideias interessantes acusado pela academia de superficialidade. Não estão errados na crítica, mas talvez no foco. Você não abana a cabeça porque o vendedor de cachorro-quente da esquina não se aprofundou na Alemanha sobre preparação de salsichas, e o fato de Alain de Botton pinçar da filosofia e das artes apenas dicas práticas sobre vivência e convivência não as tornam menos valiosas.

Uma dessas dicas, exposta no livro "Desejo de Status", é a de visitar ruínas. Apreciei-a demasiado, não por me incitar um objetivo novo, mas por ressaltar um prazer específico que eu já possuía sem que notasse o tamanho de sua importância para minha visão de mundo.
Atenas
Atenas
Por que visitar ruínas? Para que o Lulu Santos metonímico possa ser tocado, cheirado e observado em 3D como La Bête: tudo passa, tudo sempre passará.

​Para inspirar fundo e sentir a morte e a destruição em seus efeitos redentores. Elas também enxurraram embora preocupações de sucesso financeiro ou profissional, orgulhos e vaidades. Tudo acaba. 
Istambul
Istambul
Istambul
Istambul
As artes narrativas nos ajudam a apreciar fetichismos, ou seja, a extrair emoções subjetivas vinculadas a objetos ou locais com os quais pessoas (reais ou imaginárias) conviveram. Um tanto em função disso, em contato com ruínas, além da contemplação da impermanência, inevitavelmente imagino histórias.

​Não apenas a história conjunta de um povo, mas sutis experiências individuais de quem viveu ali. Um grande amor, uma grande decepção; desejos de liberdade, de realizações.
Delos
Delos
Podem ser ancestrais, podem ser recentes. E, com os músculos da imaginação em dia, podem estar bem preservadas ou quase em pó. Estar ali é suficiente para ativar o sentimento. 
Barra de São João
Barra de São João
Babilônia
Morro da Babilônia
Algo ali foi muito importante, e acabou. 

Tudo o que nos preocupa passa. Tudo o que é belo passa. Tudo.
​
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    Rodrigo Bahia, carioca que alterna carreira jurídica mundo afora com os prazeres e descobertas da filosofia e da literatura.

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