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PACHAMAMA!

10/28/2017

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Tendo sofrido novo baque emocional pessoal, fiz aquilo que se faz tanto para comemorar quanto para esquecer. Isso mesmo: assistir a um filme e planejar uma viagem. 

O filme foi Mãe!, que me impactou demasiadamente. A obra, de enredo confuso porém de execução primorosa, nos leva a entrar em contato com camadas profundas da existência, muito abaixo das preocupações com trabalho, quilos extras ou tretas online. O estado de natureza, os instintos básicos de relacionamento, ninho, prole, em confronto com as primeiras camadas de civilização -- a moral, a ética e a etiqueta, as angústias sociais. 

Licancabur
Licancabur, Chile
A viagem foi por algumas paisagens vulcânicas do Equador. Novos amigos para meu vulcão de estimação, o Licancabur, de San Pedro do Atacama.

Nessa viagem anterior, por Chile e Bolívia, tive contato com a cultura da Pachamama. A mãe natureza ainda venerada e presenteada com oferendas pelo povo andino.

"Sob as cidades, existe um coração feito de terra / Mas os humanos não dão amor nenhum" -- cantou a banda América sobre o deserto.

De fato, é muito difícil viajar por terrenos tão livres de seres humanos e não aumentar a veneração pela natureza. Quando estamos num parque, não consideramos as formigas as donas dali, nem os seres mais importantes. São apenas formigas.

Nós também somos apenas parte do composto orgânico que se anexa à casca desse coração de terra. 
Já os vulcões são as entidades que nos relembram que há algo amedrontador sob nossos pés. O sangue da Pachamama, que pulsa independentemente da nossa existência e, principalmente, de nossas ansiedades civilizatórias. Você sabe que vai morrer, mas só quer morrer depois de deixar um legado ao mundo? Que legado? Que mundo? O que a natureza pensa disso quando decide cuspir sangue por seus poros?
​
Quilotoa
Quilotoa, Equador
Às vezes vulcões colapsam e se transformam em belíssimas caldeiras inundadas. Seguem impressionando por sua majestade, porém de forma mais acolhedora. O que esquecemos é que todas as belas paisagens que nos servem de lar são consequência de catástrofes inconcebíveis, começando pelo dia em que uma pedra flamejante se destacou de uma pedra maior e voou pelo espaço. 

Dadas as devidas proporções, Quilotoa me lembrou Santorini, a ilha paradisíaca resultado de uma erupção que enterrou civilizações, possivelmente dando origem à lenda de Atlântida. 
Acrotíri
Afresco de Acrotíri
Santorini
Santorini, Grécia (resultado da erupção do vulcão Tera)

​Difícil arte esta de aceitar as tolas vontades de nosso estado civilizatório e ao mesmo tempo a submissão à natureza. Não apenas a sujeição à natureza-rocha, mas a nossa própria natureza interior.

No caminho para Quilotoa, duas crianças viajavam com um cachorrinho, seus pais nos bancos da frente. Tratavam o cachorro com carinho. Autonomia e afeto, pensei. A razão de meu encanto por filmes como "Meu Vizinho Totoro". Desejos cujo equilíbrio é tão difícil, mas que podem nos guiar adiante. 

Autonomia e Afeto
Autonomia e Afeto

​Concluo com minha visita ao Cotopaxi, o vulcão que dá nome à região. 
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​Pouco depois da viagem assisti a outro filme que, surpreendentemente, ofereceu respostas bem interessantes à angústia de existir com ansiedades inventadas da civilização em cima de nossos impulsos naturais. ​
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Cotopaxi, Equador. Chegada ao refúgio.
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Cotopaxi, Equador. Minha primeira neve.

​​O filme foi o "Blade Runner 2049". A resposta: sentir.
2 Comments
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